sábado, 13 de fevereiro de 2010

E o sino não tocou...



E O SINO NÃO TOCOU.....
Cromwell – 0 Ditador – dominava a Inglaterra.
Ás lutas sempre afeito e acostumado à guerra,
Seu coração possuía a têmpera de um aço
E a dureza da pedra... O pobre ou ricaço
Nivelavam-se ao seu imparcial julgamento.
Havia nele, entanto, um ou outro momento
Em que perdia a calma. Então, era um perigo,
Se houvesse de aplicar a pena de um castigo...

Foi num instante assim, que ele, notando a falta
De um jovem militar, se enfurece e se exalta
E, sem querer ouvir qualquer explicação,
Condena-o incontinenti à extrema punição.

Ninguém o fez o mudar a decisão tomada,
Nem mesmo do soldado a jovem namorada,
Que explica, chora, apela e suplica piedade
Para o seu pobre noivi... É em vão, que a austeridade
De Cromwell não se abala... Era sua virtude
Jamais voltar atrás de uma firme atitude....

Daquele execução maecou-se o mês e o dia,
Porquanto a hora fatal toda a gente sabia:
Era quando, ao cair da tarde, o velho sino
Da velha catedral – grave como o destino -
Marcava em ttriste sons de longas badaladas
O ângelus saudoso...

Esperenças fanadas
Começavam a enlutar a alma daquela jovem,
Cujas súplicas e ais os corações comovem;
Porém,que como os seus, em nada lhe valiam,
Que nem um só favor seus rogos conseguiam.
É que os homens da Corte e os juízes, ninguém
Se atrevia enfrentar o Ditador...

Pois bem,
Vendo tudo perdido, a jovem destemida
Tenta um plano final para salvar a vida
Do noivi condenado. Oferece ao sineiro
Tudo o que possuía em jóias e dinheiro;
Mas o velho, fiel a sua profissão,
Deu-lhe as costas, dizendo asperamente: - Não!
No dia e na hora certa o sina há de planger!
Seja lá para quem for, cumprirei meu dever!

Chega o dia afinal. A tarde declinava.
O pelotão da morte, em forma, se postava
Em frante ao condenado, à espera do sinal
Do sino a badalar, na velha Catedral.

Para todos, ali – testemunhas legais
Da justiça em função – os minutos finais
Pareciam sem fim...
Mas o sinal não vinha.
O pr´prio Ditador, presente, mal continha
A fúria, por notar que o sino não tocava...

O comando da tropa, a postos, esperava...
E o sino não tocou...
Que acontecera?... Então,
Cromwell, surpreso, exige urgente explicação.

Enquanto isso ocorria, além na Catedral,
Quando o velho sineiro ia dar o sinal,
Puxando a corda ao sino, a jovem que subira
As escadas da torre, ao badalo se atira,
Agarra-se com ele; e seu corpo franzino
Abafou todo o som das paredes do sino.

Para lá, para cá, o bronze se movia,
Mas de sua intenção ela não desistia:
Disso dependeria a salvalção do amado...
Por isso resistiu.

Sem nada ter notado,
Velho e surdo, o sineiro o servição encerrou,
E, em seguida, em seu quarto humilde penetrou....

Tendo o corpo ferido e as mãos ensangüentadas,
Desceu a jovem noiva as escuras escadas,
E foi, a se arrastar, com grande sacrifício,
Ao lugar usual para qualquer suplício,
E onde, deixou de haver, por sua nobre ação,
Do soldado, a esperada e horrenda execução....

Lá, encontrou, ainda, a escolta, o condenado,
Os juízes à frente e o Ditador ao lado,
Mandando averiguar de tudo aquilo, a causa.

A jovem se aproxima.... Houve silêncio e pausa...
Diante do Ditador se ajoelha, e lhe declara
O motivo por que o sino não tocara...
Mostra o corpo ferido e as pores mãos em sangue;
E em lágrimas suplica, e pede, e apela exangue:
- Perdoai-o, senhor! Prometo que, ao meu lado,
Ele há de obedecer as leis, como soldado,
E, como cidadão, correto há de viver,
Honrando o seu país, cumprindo o seu dever!

Poupai-o desta vez; e, em nome desse amor,
Perdoai-o, senhor! Perdoai-o, senhor!
E o grande Ditador, vencido de emoção,
Aquela jovem noiva, ergueu-a pela mão.
Chama o soldado e diz-lhe: - Eis teu anjo da guarda!
E, apontando-os, declara aos seus oficiais:
- E o sino não tocou!... Deixai-os ir em paz!....
*****
Assim, no alvorecer edênico do mundo,
O homem, faltoso e mau, foi também condenado
A extrema punição do seu erro profundo,
Na troca desigual do Bem peli Pecado;
Mas, um dia, Jesus fez-se eterno vigário
Entre o homem e Deus, no convênio da paz;
E, por seu grande amor, suplica no Calvário:
- Perdoai-o, Senhor, pois não sabe o que faz!

17 comentários:

  1. Linda! Comovente! Há muito que procurava por esta poesia. E por que não dizer, um sermão em versos. Parabéns pela iniciativa. Procuro também pelos poemas - "A força da Gratidão" e "Ele fez de mim um homem" - do mesmo autor.

    Maria José

    ResponderExcluir
  2. Há muitos anos atrás eu e minha decoramos esta poesia e a recitávamos em igrejas nos encontros dos jovens, no final víamos muitas pessoas chorando, e o fundo musical era lidíssimo.
    Ainda lembramos alguns pedaços, mas hoje eu posso completar o que havia me esquecido.
    Muito obrigada.

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  4. (ray) 04 de maio 2015 14 h.tanto tempo de sonhos perdido mais agora realisei pois entretantos poemas e entre eles i o sino não tocou o mais querido obrigado !

    ResponderExcluir
  5. Minha irmã declamou muito esta poesia e outras mais de mario barreto frança. Minhas irmãs e eu sabiamos de cor de tanto ouvir nossa irma decorar em voz alta. Kkkkk. Bons tempos ali no rio de janeiro.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Verdade mana..rs bons tempos! Essa poesia é linda!!

      Excluir
    2. Eu tb recitei muitas poesias desse autor. Essa era uma das preferidas. Até hoje lembro de algumas. Se alguem tiver tb a poesia Somos Cem gostaria de relembrar.

      Excluir
  6. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  7. Olá!
    Eu tenho essa poesia decorada. Infelizmente não tenho o livro.
    E pelo que lembro, faltou aqui uma pequena frase, já quase no final, quando o poeta diz: “Chama o soldado e diz-lhe: Eis teu anjo da guarda!” (Faltou) “ Ao seu lado honre a Deus, a Pátria e a sua farda!” ....

    Confere?

    Só estou comentando afim de ajudar a não perder essa preciosidade de poesia.

    Carla Brito

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Realmente está faltando a frase citada pela irmã Carla Brito.

      Excluir
  8. Decorei essa poesia quando adolescente, há 50 anos atrás. Havia esquecido algumas frases. Agora que bom que encontrei aqui para ativar minha memória. Muito linda, assim como outras do mesmo autor:Boa Noite, Gesto Heroico, Moça, me dá uma rosa. Todas lindas

    ResponderExcluir
  9. Você tem a poesia de Mário Barreto França. " De joelhos"

    ResponderExcluir
  10. Tenho o livro com mais de 100 poesias dele

    ResponderExcluir
  11. Gosto muito deste autor. Já declamei poesias dele. Tenho tanto desejo de adquirir o livro. Já procurei tanto. Alguém sabe informar?
    Estou decorando E o sino não tocou.

    ResponderExcluir