sábado, 13 de fevereiro de 2010

O Paralítico de Bethesda

O Paralítico de Bethesda

De manhã quando o sol surgiu atrás de monte,
Beijando o céu azul, matizando o horizonte,
Aquecendo o aconchego esplêndido dos ninhos,
Despertando em canções os ternos passarinhos
E ungindo com o frescor dos lírios orvalhados
O tapete virente e mágico dos prados,
O vulto senhorial do Mestre Nazareno
Ia a Jerusalém, resoluto e sereno,
Ver os tradicionais festejos dos judeus
E, no templo, exaltar a grandeza de Deus.
Mas, levantando o olhar de fulgidas centelhas
O Mestre viu bem perto, à “Porta-das-Ovelhas”
O tanque de Bethesda – o tanque legendário –
Que de muitos curava o trágico fadário
De ser cego, aleijado ou mísero leproso...
Enorme multidão, em silêncio angustioso,
Desejosa, febril e crédula, aguardava
O anjo que por ali, de vez em vez, passava
Para movimentar as águas cristalinas,
As quais tinham, então, emanações divinas,
Que curavam a quem primeiro ali entrasse,
Qualquer que fosse a dor que lhe martirizasse...
Estava lá também um desses infelizes,
Cuja dor deixa n’alma as fundas cicatrizes
Do desespero atroz, dos grandes desenganos
De esperar, sempre em vão, por tanto e tantos anos...
O Mestre, conhecendo a grande persistência
Daquele coração, moveu-se de clemência
E, olhando-o, perguntou: - “Queres tu ficar são?” –
Numa voz que traduz grande desilusão
Respondeu-lhe: - “Senhor, eu não tenho ninguém
Que queira me ajudar ou que me faça o bem
De lançar-me no tanque ao serem agitadas
As águas de Bethesda, as águas abençoadas,
Pois quando eu vou, já desce alguém antes de mim
E retorna curado... e eu continuo assim...
Na esperança de que a cura desta doença
Um dia me trará a eterna recompensa...
Aquela confissão ouvindo-a como prece,
Daquele pecador Jesus se compadece,
Dizendo-lhe: - “Levanta! E toma a tua cama
E anda!... corre!..., proclama a tua fé!... – proclama
Ao povo de Judá que Deus ouviu teu grito,
E consolou enfim teu coração aflito!
E ele vai na explosão de uma alegria santa:
Sendo feliz, sorri e, estando salvo, canta;
Deixando extravasar a gratidão profunda
Que todo o coração, toda a sua alma inunda...
Porém se alguém lhe indaga, em natural anseio:
- “Quem foi que te curou? De qual lugar te veio
o dom que te livrou daquela enfermidade?
E quem te dispensou tão grande caridade?”
Ele apenas responde: - “Eu só sei que estou são,
Que sinto a alma remida e alegre o coração,
Pois Aquele a quem devo a salvação e a paz
Somente me ordenou que não pecasse mais!...”



Um comentário:

  1. oi Katia sinto saudades do tempo que minha mãe me ensinava para declamar na igreja aos meus nove anos. MINHA MÃE ERA APAIXONADA por poesias conhece a poesia as flores de Paulinho era a preferida Dela . Que DEus possa te encher de entusiasmo e continuar com essa preciosidade que de muitos esquecidas no tempo. Meu nome é Paulo
    não sei se voce

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